Quem vive em Luis Eduardo Magalhães ha mais de 20 anos sabe como era diferente a referência da ocupação de espaços urbanos, especialmente num lugar onde “espaço” não era problema e se podia abusar de recursos naturais existentes.
Naquela época, empresas como a Galvani se instalaram em locais considerados “distantes do centro”, onde certamente não trariam impacto ambiental ou algum tipo de transtorno para a população residente. O mesmo processo aconteceu com o atual “lixão” que naquela época se apresentava como um local isolado que recebia eventualmente algum tipo de entulho e descarte de materiais.
Ninguém imaginava que aquele local para descarte de materiais (que nunca foi área pública) se tornaria uma das maiores dores de cabeça para os futuros gestores e um problema ambiental para toda a comunidade que hoje conhece o grande elefante branco chamado Lixão.
No entanto, a questão de formação daquelas conhecidas montanhas de lixo no local não tem muita relação com a quantidade de material depositado, mas sim com a falta de educação ambiental que prevalecia na época e que, infelizmente, nos dias de hoje, ainda permanece em parte de nossa população. Certamente se os resíduos depositados naquele espaço fossem, na sua maior parte, de natureza orgânica, o trabalho para seu tratamento seria menor.
A maior parte das pessoas não sabe (ou não quer saber) da importância de separar o lixo orgânico do lixo reciclável. É comum passarmos na frente de containers de coleta de resíduos ou lixeiras em casas, prédios, condomínios e nos depararmos com a famigerada mistura de lixo orgânico com o “lixo limpo” (plástico, papelão, vidro, etc). E foi esse mau hábito ou essa falta de educação ambiental que provocou o problema hoje existente no atual Lixão, onde se formaram montanhas de materiais recicláveis que não são aceitos e absorvidos pela Mãe Natureza. E um dia ela nos cobra!
Até 2016, em especial na gestão do ex-prefeito Humberto Santa Cruz, houve um esforço da administração em promover educação ambiental, com muita informação, criação da cooperativa de catadores e até parcerias com a iniciativa privada para o fornecimento de carrinhos de coleta seletiva motorizados. A coleta de recicláveis era feita rigorosamente seguindo um calendário e com caminhões que tocavam música para chamar a atenção e alertar a população sobre a passagem do coletor do “lixo limpo”. Em outros locais do centro e áreas comerciais também se via a coleta seletiva sendo feita pelos carrinhos da Cooperativa dos Catadores, todos devidamente cadastrados e identificados, e o produto da coleta era separado e tratado na Cooperativa gerando renda para seus cooperados.
Nos últimos cinco anos o foco dos gestores e da população foi a discussão e cobrança de data para a desativação do Lixão, assunto que serviu de discurso para os políticos na eleição de 2016 com promessas de retirada do Lixão em 90 dias de governo.
Com postura mais precavida o atual Prefeito não fez promessas e inseriu em seu Plano de Governo o compromisso de construção (em outro local) de um Aterro Sanitário em 02 anos e a recuperação da área degradada do atual lixão.
É interessante destacar que a abordagem e vontade política para resolver a questão dos resíduos sólidos buscam uma “solução para o resultado”, quando na verdade deveriam dar mais importância para a “origem do problema”, que é a falta de reciclagem e a ausência de investimento em educação ambiental.
Percebe-se a pouca importância que se dá para essas ações, quando observamos a proposta orçamentária inserida no Plano Plurianual 2022/2025, que prevê para o ano de 2022 um total de quase 15 milhões de reais para Gestão do Meio Ambiente, e destes, apenas irrisórios 330 mil reais para Coleta Seletiva e 73 mil reais para Educação Ambiental.
Felizmente o Prefeito tem liberdade para fazer o remanejamento de dotações e esperamos que, juntamente com o Gestor Ambiental, inclua na pauta de seu governo uma Agenda voltada para ações que priorizem a educação em meio ambiente e a reciclagem através de coleta seletiva e outras ações pertinentes.
A população, pacientemente, aguarda uma solução para o problema, mas cabe lembrar aos nobres gestores que não existe Aterro Sanitário que resista a falta de tratamento dos resíduos sólidos!